27 de mar. de 2010

do meu pai


do outro lado ...


o jovem pelo qual Yarinha se apaixonou, era um sonhador e realizador.

De uma família judia, vinda para o país no pós guerra , era o caçula de três irmãos. A mãe convertida ao catolicismo, desejava que o filho nunca saísse da cidadezinha onde viviam.
O pai, ortodoxo... não falava muito com os filhos...e acabou se separando muito cedo de todos.José cresceu entre  plantações de fumo, e o hotel da família.
Aos 16 anos, criou sua própria rádio na cidade e aos 18, ingressou na Academia das Agulhas Negras no estado do Rio.

Parecia que tudo ia bem...
até Dona Anna, matriarca da família,resolver trazê-lo de volta ao Paraná.
Tentou por razões emocionais dissuadí-lo, não tendo êxito...forjou uma certidão onde ele "seria" arrimo de família...
(lembrando que ele era o caçula...tendo pai, e irmão mais velho na época)
Dona Anna, sabia como conseguir exatamente o queria...sempre soube.

Ele voltou e o motivo real, era que sua namorada na época havia engravidado... querendo que o filho casasse, ela arrumou tudo a revelia. Fato foi, que ao chegar em casa e descobrir o real intento, meu pai literalmente fugiu ...mas foi alcançado pelo pai armado, na casa do então irmão mais velho que já casado ,que morava numa cidade vizinha.
Não teve jeito, ele teve que casar.Casou e teve duas filhas,assim que o tempo passou e os ânimos se acalmaram...saiu um dia para comprar remédios ,pediu que entregassem em casa e nunca mais voltou.Nada nobre essa ação aliás, mas não me cabe julgar.

Assim, tentou correr mais uma vez atrás dos seus ideais.Foi para Curitiba, entrou no CEFET e começou a trabalhar para se manter e pagar seus estudos de engenharia mecânica.
Numa noite,na pensão de estudantes em que morava, apareceu um "freela"...
levar Yarinha de Moura e Dias e suas amigas para uma viagem pelo interior do estado por uma semana...e aí...
começou o "era uma vez"...

Corajosa Yarinha

contrariando tudo e todos...
ela se apaixonou e resolveu  casar com o jovem motorista contratado para uma viagem...


Mas nada era tão simples assim...
o jovem, estava fazendo aquele trabalho, por ter literalmente fugido de casa, da sua vida... e dos seus parentes. Para contar essa história, preciso voltar mais um pouco na linha do tempo... 

14 de mar. de 2010

Yara Maria de Moura e Dias

Hoje parei para ver uns retratinhos que chegaram do Paraná,onde achei essa foto linda de Yarinha. Aliás, todas as fotos dela são,
mesmo as de agora com os cabelinhos branquinhos são maravilhosas.
Daí me vi relembrando a minha infância, os momentos bons e ruins que passamos... recentemente a morte do meu pai,o assalto em casa...e descobri que nunca parei para falar sobre ela.
Escrevi sobre tanta gente, entrevistei tantas pessoas e Yarinha ia ficando de lado.

Na adolescência tive problemas sérios com ela...como qualquer filha tem com sua mãe, eu acho.
Mas a medida que o tempo passava, fui realmente conhecendo minha mãe, com suas muitas qualidades , talentos e alguns defeitinhos super humanos.

Descobrir que nossos pais são apenas humanos, leva tempo... parece o fim da linha em alguns momentos, afinal, em qum vamos nos inspirar ?Eles são nossos super heróis!?

Dona Yara é uma guerreira!
Uma vencedora!
Tenho uma amiga cineasta que diz que o roteiro da nossa vida "privada" não daria nem  prá Spiellberg dirigir...
(exageros de Joana, hehehhe)

Tem uns capítilos realmente esquisitíssimos, mas afinal:
"a vida imita a arte ou a arte imita a vida?"

Minha querida mãe em questão foi meio vanguarda demais para sua época.

Nasceu na década de 40 no interior do Paraná numa família abastada,e entre todos os irmãos, foi a única a fazer faculdade na capital. 

Em Curitiba, Yarinha entrou no diretório acadêmico e acabou virando presidente da UPE(união paranaense dos estudantes) ela estava no centro das mudanças políticas do estado, na UFPR na época em que essas questões estavam aflorando e tentando ser "sufocadas".

Numa viagem para "conscientizar" politicamente outros jovens, conhceu meu pai...que era então seu motorista.
Uau...aí começa a história de amor, ódio, garra, orgulho, dor, etc...
vou tentar ir escrevendo devagar, sem pressa como meu sobrinho lindo (Yurizinho  fala)...

Mas que é linda e inspiradora, ah isso é!